Filme iraniano disponível na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, se destaca ao falar sobre infertilidade masculina e culpabilização das mulheres. Confira a crítica completa.

A Childless Village (Sonsuz, no original) é escrito e dirigido por Reza Jamali (Old Man Never Die), é uma obra que aborda uma temática sensível e emocionalmente carregada: a questão da infertilidade e suas consequências em uma pequena comunidade rural. Mesmo com tema intenso, ele apresenta algumas falhas que podem afetar a experiência do espectador.
A história se baseia em uma aldeia, onde um cineasta chamado Kazem (Behrouz Allahverdizadeh) fez um filme há 20 anos atrás sobre a esterilidade das mulheres da aldeia, pois quase todas eram inférteis. Agora, depois de duas décadas, os aldeões descobriram que os homens são estéreis e que não há nada de errado com as mulheres. Com a ajuda de seu assistente (Hamdollah Salimi) tenta gravar algumas entrevistas com os homens inférteis para revelar a verdade.
O enredo gira em torno dos habitantes da vila, eles são apresentados de forma superficial, com pouco espaço para explorar suas motivações e emoções. Isso se deve ao fato de mostrar o depoimento de muitas mulheres e homens com um curto espaço de tempo para saber mais sobre sua vida, única personagem explorada além do cineasta e seu assistente, a doutora (Maryam Momen), que ajuda no diagnóstico de infertilidade dos homens.
O destaque fica pelo fato de Kazem querer refazer seu filme não só para contar a verdade, mas sim para se redimir com as mulheres da vila que se sentiram envergonhadas e algumas tendo passado por divórcios por não conseguirem ter filhos. Ao ver a reviravolta de como os homens estavam inseguros e com vergonha de si mesmos, o longa mostra o aspecto interessante de como a fragilidade masculina é grande.

Mesmo com um tema sério em mãos, o filme não deixa de lado cenas cômicas. O assistente do cineasta, é totalmente desengonçado e traz um alívio cômico, embora alguns aspectos machistas venham por parte do personagem, mostrando o comportamento dos homens da vila, isso é um ponto interessante para os atos seguintes.
Há uma abordagem profunda das questões relacionadas à infertilidade. Embora o filme toque em temas como a pressão social, a culpa e a busca por soluções, essas questões não são exploradas em detalhes.
A fotografia e a direção de arte do filme são belas, retratando a vida na vila de forma simples e poética. Além disso, a atuação do elenco é competente, com destaque para os momentos de maior intensidade emocional.
Em resumo, A Childless Village é um filme que aborda a questão da infertilidade em uma comunidade rural, que peca pelo excesso de personagens e a falta de desenvolvimento deles, além de um aprofundamento maior sobre ser infértil. Apesar disso, a beleza visual, atuação, alívio cômico e retratamento feminino são pontos positivos que podem agradar parte do público.
*Filme visto na 47° mostra internacional de cinema de são paulo
Nota: 4/5
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