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Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós | Crítica

Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós utiliza rostos e relatos pessoais para uma história tocante e cheia de nuances. Confira a crítica completa.

O longa começa com uma judia alemã que fugiu ao primeiro sinal de que algo de muito errado estava por vir. E segue para histórias de quem se escondeu na floresta, fugiu para outro país, debaixo do subsolo, em um cômodo. Encontramos aqueles que contaram com uma mão amiga, que arriscaram vida e família ajudando os perseguidos pelo regime e os Partisans, guerrilheiros prontos para sabotar o exército alemão. Há os que foram para o campo de concentração e tiveram a sorte de sobreviver, mas, mesmo assim, tiveram que se reerguer em outro país, sem dinheiro, sem ajuda, com outra língua e cultura. O filme conta com depoimentos dos jornalistas Pedro Bial e Caio Blinder, do filósofo Mário Sérgio Cortella e da economista e professora Claudia Costin.

O diretor e roteirista André Bushatsky entra na sua própria história como um participante do que apenas uma voz de fora, como se fosse um personagem ou narrador que aparece na trama, seu filme traz uma gama de narrativas difíceis e as apresenta ao espectador de uma forma que surpreender, pelas trocas e pelos personagens.

Mesmo com aqueles momentos esperados de um documentário, onde temos aqueles momentos de frente para a câmera, temos o enfoque na história pessoal, e com algumas pinceladas de realidades, com o intuito de transitar entre elas.

Inicialmente temos a sensação de um conceito inicial, ou de trama central, mas o roteiro sabe balancear as diferentes tramas e principalmente, entreter o espectador com algo novo, a cada troca de ato ou personagem. 

Ele também traz algumas similaridades entre elas, para tentar trazer um padrão de comportamento humano, e como há repetição de elementos pela história, mesmo que seu filme se foque, digamos assim, na segunda guerra mundial, há uma abertura maior para mais elementos e discussões.

Com as vozes de especialistas como Pedro Bial e Caio Blinder, do filósofo Mário Sérgio Cortella, ele reforça o que vêm apresentando e o comportamento humano da época, que se repete agora com os termos ‘neo’ e ‘imigrantes’, por exemplo.

O tom pessoal que a história possui não incomoda, afinal ele é apenas um voz que está contando o passado dos personagens e transitando entre elas, sem ser uma ‘voz da consciência’ ou de encontrar possíveis culpados, ele traz didatismo com os especialistas e traz humanidade com os personagens.

As histórias abordadas podem até abordar mais o lado pessoal, mas é inegável de como elas são duras e violentas. As tramas dos refugiados dos nazismo e sobrevivente do holocausto, traz o retrato da época atráves do olhar deles.
As comparações são válidas e pertinentes, sejam pelos viés escolhidos, ou de comparar passado e presente, Um Pouco de Mim, Um Pouco de Nós mostra que a história tem seus momentos parecidos, e precisam ser contados, para evitarmos repetições.

Nota: 3/5

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