Eu Deveria Estar Feliz sabe dosar as diferentes dores e anseios das mães, com empatia, espaço e principalmente liberdade para se expressarem. Confira a crítica completa.

O longa dirigido por Claudia Priscilla (Bixa Travesty) aborda de maneira franca a depressão pós-parto, a partir da realidade de quatro mulheres que passaram por isso, e, aqui, resgatam sua experiência. Karla é atriz, mora em Niterói (Rio de Janeiro) com seus pais e a sua filha Flor, tem a meditação e a yoga como caminhos de equilíbrio físico e espiritual. Lorena mora em Salvador (Bahia), e é uma mulher de axé, professora, doula e mãe de Vitor. No Espírito Santo mora Bárbara, engenheira florestal, indígena pertencente ao grupo dos tupiniquins, vive com o seu companheiro Luiz e o seu filho Tié e trabalha com agrofloresta. Fernanda é uma arquiteta que mora em São Paulo, divide seu tempo entre seu trabalho e o cuidado de seus dois filhos.
O roteiro traça as diferenças e também busca os paralelos das história, conforme avançamos entre as personagens, mas somos cativados pela forma que vamos as conhecemos. A diretora sabe se distanciar trazendo a rotina da mãe, e tem aqueles momentos de documentário de frente para a câmera.
Essa mescla de escolhas, trazem leveza e realidade para um tema duro, e como temos pluralidade de histórias, somos imersos em suas histórias para a câmera e suas relações com os filhos.
Sem banalizar, a carga de sentimentos se mantém elevada, a cada novo ponto, e relações explicadas, sejam nas entrevistas ou nas sonoras. As trilhas intensificam o longa que possui uma fotografia solar, e cheio de amor.

A compreensão de cada sentimento, por cada processo tem seu tempo em Eu deveria estar feliz, com cada mãe explicando e principalmente, como lidou com os sentimentos após os partos de seus filhos.
Novamente a pluralidade de história, de deixar fluir, e encontrar similaridades aos poucos, traz muito a ser conversado sobre depressão pós parto, já que não temos tramas semelhantes e saídas para cada uma.
A montagem além de dar espaço, precisa trazer as tramas e ir de uma narrativa para outra, o longa consegue ir além em todas essas estruturas, com algumas escolhas seguras e uso da água como a união de histórias.

O tom didático pouco se perde, para explicar os sentimentos e saídas para eles, ela até pode mudar a sua intensidade, para oscilar como as ondas, mas o roteiro entende sua trama como importante e que precisa ser bem contada.
Além dos sentimentos, somos imersos na trama por momentos de ‘magia de mãe’, e sua rede de apoio para melhorar, e como cada uma tem a sua resposta.
Eu deveria estar feliz tem um tema difícil em mãos, mas a narrativa é tão doce e plural, que aprendemos com cada mãe, e essa diversidade nos liga melhor aos elementos difíceis, sem precisar de uma arco dramático duro e intenso.
Nota: 3/5
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