Cinema, Crítica de Filme

Depois de Ser Cinza | Crítica

Depois de Ser Cinza interliga narrativas de uma forma envolvente, sem perder o foco.  Confira a crítica completa.

Crédito: Leonardo Maestrelli

Histórias podem ser interligadas, seja por um lugar, momento ou história. Depois de Ser Cinza, as tramas têm em comum uma pessoa, um homem. Onde elas se envolveram de alguma forma, em diferentes tempos de vida. 

Com direção de Eduardo Wannmacher e roteiro de Leo Garcia, o filme é narrado a partir de três mulheres diferentes que se envolveram com o mesmo homem, Raul (João Campos). Isabel (Elisa Volpatto), Suzy (Branca Messina) e Manuela (Silvia Lourenço) estiveram com ele em momentos e lugares diferentes, numa trama que transita entre o Brasil (Porto Alegre) e a Croácia (Dubrovnik, Zadar e Zagreb). Por meio desses personagens, o longa faz um retrato dos relacionamentos contemporâneos, num mundo onde as fronteiras estão cada vez mais esmaecidas.

A narrativa entende que possui elementos a serem trabalhos, então o roteiro desacelera em diversos momentos, para explicar as mulheres inicialmente e depois sua relação com Raul. Inclusive, o longa é dividido entre as perspectivas dessas mulheres. 

Crédito: Leonardo Maestrelli

Com elementos diferentes em cada uma, vemos a capacidades das atrizes escolhidas, como elas ‘não se parecem’, deixa o espectador inquieto de como há o envolvimento delas com Raul, e como a história irá seguir depois daquele ponto.

Elas têm seus motivos para se envolver com Raul, porém a forma como vemos isso no longa, não segue uma linearidade e saídas simples. Tudo aqui é contemplativo e explicativo para justificar suas escolhas, afinal todas se ligam a ele, seja por sentimentos platônicos ou não.

Como todas possuem sentimentos por ele, o roteiro busca estruturas fora do comum, para não focar em ‘toda mulher precisa de um homem’. Seus motivos são explicados e desenvolvidos pela história por outros motivos que vamos descobrindo pelos capítulos. 

Crédito: Leonardo Maestrelli

A linha do tempo também recebe suas nuances para não termos um longa linear, e novamente focar nas mulheres e suas vidas com e sem Raul. E com o crescimento de suas tramas e motivos divergentes, conseguimos entender cada uma.

Raul é o único que não possui essas camadas, mesmo que ele conheça cada uma em um momento de vida diferente, ele se apaixona por todas, e tenta fazer parte da vida de cada uma. O roteiro apenas mostra a insegurança que ele possui e por isso, não consegue manter estes relacionamentos.

Mesmo tentando fugir de clichês de romance, o longa tem algumas saídas simples espalhadas pela trama principal, que eram até esperadas para não deixar o filme longo demais, e com pontos demais a serem explicados ou soltos na narrativa.

O crescimento de elementos se sobressai a estas formas fáceis de contar a história, pela montagem final e como essas histórias das mulheres também se ligam (sem spoilers).


Depois de Ser Cinza parece um filme comum inicialmente, com uma história que poderia ir para um caminho fácil e sem sustos, mas a forma com que vemos isso surpreende e temos um bom longa em mãos.

Nota: 3/5

Contato: naoparecemaseserio@gmail.com

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