Através de uma rotina simples, Blue Jean fala dos tipos de aceitação e os olhares da sociedade sobre a comunidade LGBTQIAPN+. Confira a crítica completa.
Se encaixar em uma sociedade dependendo das suas escolhas, nunca será fácil. Agora imagina que você é uma mulher lésbica em 1988 no Reino Unido, onde o governo faz campanhas contra a população LGBTQIAPN+. Essa é a história de Blue Jean.
Acompanhamos a história de Jean (Rosy McEwen), uma professora lésbica de educação física que tem de levar uma vida dupla, para poder ter sua vida e princiapalmente ser uma boa professora a suas alunas.
O roteiro da diretora Georgia Oakley (Little Bird) é inteligente por trazer uma profissão que tem proximidade com as pessoas e também, adolescentes que estão nas fases de descoberta da sexualidade. O detalhe que parece despercebido, mas é o suficiente para que situações apareçam de uma forma simples.

A divisão entre as estruturas levadas pela protagonista transitam entre os temas com facilidade também, seja pelos diálogos, ou construção da cena em si. As abordagens são simples e ligadas à trama, nas relações da protagonista.
Ela não possui o pertencimento de nenhum dos mundos em que vive, sempre tem a sensação de algo dará errado, e que suas atitudes estão sendo julgadas a todo momento. Há uma tensão no ar por todo o filme.
Isso traz para a atuação de Rosy McEwen ter camadas interessantes, principalmente como se ela pensasse a cada fala ou movimento a ser feito. E como ela precisar ser um modelo para as meninas.
As simples transições entre as histórias, muda sempre o tom do filme, para sempre trazer algo novo para a tela, e nos adicionar novas informações sobre a protagonista e suas alunas. Principalmente a que se sente perdida pela nova escola e quanto a seus sentimentos.

A relação professora e aluna permite uma maior discussão e principalmente, uma maior intimidade entre as meninas, que ao pular certas etapas, acaba indo direto ao ponto, sem grandes justificativas.
O longa por trazer apenas o olhar da protagonista a ação, carece de incorporar a situação do Reino Unido naquele momento, tudo fica restrito ao que a protagonista entra em contato, sem termos uma noção adequada do que realmente ocorre com as pessoas neste momento histórico.
Essa cumplicidade entre as duas incorpora os questionamentos de profundidade da relação, da onde a professora pode ir, sem se colocar em risco, afinal ela também não pode se expor.
As camadas exploradas pela diretora e pela atriz são poucas, já que o longa prefere cuidar das relações pessoais e profissionais, mas é interessante perceber como Jean reage a tudo que vê e ouve.
Blue Jean tem um escopo reduzido ao pensar em um filme que fala de homofobia nos anos 80 no Reino Unido, porém o lado pessoal que temos aqui supre a necessidade de amplitude. E suas saídas fáceis, trazem o foco para o tema a ser tratado de forma assertiva.
Nota: 3/5
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