Herói de Sangue mostra o lado da guerra pobre, dos mal sabem por quem estão lutando. Confira a crítica completa.

Uma das premissas de uma guerra deve ser pra quem, ou pelo que está em jogo. O longa protagonizado por Omar Sy (Intocáveis) é sobre o outro lado da trincheira, do que não sabe pelo quê lutar, ou lutar por uma pátria que não te representa.
Escrito por Vadepied e Olivier Demangel, Herói de Sangue retrata uma história esquecida da memória francesa, mas que ainda ressoa entre o povo do Senegal. Omar Sy interpreta um pai senegalês determinado a salvar seu filho de 17 anos, que foi recrutado à força para lutar pelos franceses na Primeira Guerra Mundial.
A guerra que vemos é pelos seus olhares, da dupla onde o objetivo é sobreviver. O roteiro mantém os dois em tela, mas trabalha a subtramas que os envolve. O jovem com uma posição de poder e o adulto tratado como descartável.
Não temos o enfoque nas batalhas, e sim nos bastidores dela. Os diálogos, são fortes e sempre presentes. E não se perdem mesmo nas subtramas que os envolvem. Não há como ficar alheio ao que vemos.

Aliado a isto, temos bons cenários e uma fotografia fria, sem cores, para esse processo imersivo, sem esquecer os olhares em meio ao caos.
As tramas de pai e filho, são isoladas e complementares em alguns atos do longa. O roteiro usa os dois para temas diferentes sobre o mesmo front. As subtramas abrem a história, mesmo que o espaço tempo seja curto.
Omar e Alassane Diong (Thierno) transmitem não só os horrores da guerra que são obrigados a lutar, e transparecem em poucos momentos sentimentos de pai e filho. Há uma diferença de tempo de tela interessante, mas que em nada prejudica o andamento da trama principal.

Os pontos diferentes são trazidos pelos personagens, das abordagens do governo, quem insiste em continuar, os que querem morrer como heróis e os que querem sair do confronto, arriscando a própria vida.
Por não privilegiar as batalhas, e sim o lado humano, Heróis acaba sendo indigesto, já que o foco são as pessoas, inclusive muitos nomes sequer são citados, para fomentar como a guerra são números e não humanos.
Heróis de Sangue é forte, não só pela história que escolheu contar, mas por trazer um pai e um filho em uma guerra que não os pertence, tem um outro peso, do que aqueles filmes que foquem nas batalhas.
Nota: 3/5
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