Pureza foca no lado maternal do que no lado ativista, mas ainda sim encanta e mostra urgência. Confira a crítica completa

Dira Paes (Divino Amor) personifica Pureza Loiola, mulher que, nos anos 1990, sai em busca de seu filho desaparecido e acaba denunciando os métodos de escravidão que os trabalhadores sofrem em áreas afastadas e longe dos olhares do poder público.
O longa dirigido por Renato Barbieri (As Vidas de Maria) traz primeiro a jornada da mãe e depois da ativista, e mesmo com a primeira sendo maior que a segunda. O roteiro consegue mostrar a realidade dos trabalhadores e busca pelo filho sem grandes conflitos.
O filme busca em seus detalhes mostrar a realidade simples de Pureza e seu filho Abel (Matheus Abreu). Temos uma vida dura e a busca em melhorá-la. A forma com que vemos tudo é de uma simplicidade que encanta, e não precisa de grandes arcos dramáticos para se explicar. Basta olhar o cenário que entendemos a motivação de ambos.
A intensidade da busca pouco se alterna, com linearidade e apoiado na dramaticidade impressa por Dira. Há poucos espaços para respiro e para entendimento. Temos inclusive dificuldade para entender quanto tempo se passa na história ou quando ela faz a primeira denúncia.
O bom ritmo se perde justamente neste detalhe, tem uma protagonista forte, mas uma história rasa. Dira faz uma mãe trabalhadora, temente a Deus e principalmente humana, mas a história que a cerca pouco muda. Pureza recebeu notoriedade pelo seu trabalho, mas o lado mãe é maior aqui.
A história dura demora a se firmar, as denúncias ficam reclusas a pequenos momentos, mesmo a presença de Mariana Nunes como Elenice é coadjuvante na história. Os maus tratos também são elementos que pouco aparecem, mesmo que os trabalhadores aparecem pouco na história.

Por justamente seguir um caminho comum, que impressiona a interpretação de Dira. Ela consegue misturar diversas personalidades de mãe e usar a que necessita na cena. Ela transita de uma matriarca atenciosa para uma progenitora protetora em um piscar de olhos. Uma das grandes atuações da atriz nos cinemas.
O roteiro deixa a urgência de uma forma forte, em cenas específicas. Ele prefere a discussão nos diálogos e cenas que deixam a entender o que pode ocorrer, seja um possível estupro ou um mal trato mais duro. As escolhas fazem com que Pureza não tenha uma classificação adulta, mesmo com sub-temas tão contemporâneos.
A trilha e a forma com que o filme é montado, e as trilhas de momentos chaves mostram as referências americanas que o longa possui. Trazendo bastantes elementos dos filmes de superação e histórias reais de outros países. Não que isso seja um demérito, mas não espere a forma brasileira de mostrar este gênero.
Pureza é um filme competente, com uma atuação forte da protagonista. Focar em uma jornada da mãe é uma escolha, poderia ser mais amplo na história da biografada. É duro em pequenos momentos, o que prejudica o entendimento, mas sabe explicar a situação problema.
Nota: 3/5
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