Confira a crítica de Lembro Mais dos Corvos
O novo filme de Gustavo Vinagre (O Som e o Tempo) tem como a vida da atriz Julia Katharine onde ela não interpreta alguém ou mostra um personagem ficcional, ela fala dela mesmo, de suas histórias de uma forma intimista, no seu próprio apartamento com apenas uma câmera mostrando tudo.
Essa temática se repete por todo o filme, de uma forma não linear, o que faz o filme caminhar e fazendo com que o espectador ganhe empatia por Julia, pois suas histórias são uma mistura de alegria, tristeza, superação e “causos” pela noite paulistana.
Essa mistura de tons é o ponto forte do filme, o roteiro feito pela própria Júlia traz o balanceamento perfeito de ideias e por não seguirem uma linha contínua prende o espectador na história.
Julia Katharine em cena
Foto: Divulgação – Vitrine Filmes
Julia é uma atriz transexual que por causa das suas decisões da vida, ela passou por experiências traumáticas e duras, mas a história contada em Lembro Me Mais dos Corvos não tem o apelo pro vitimismo e preconceito, ela conta as histórias e como ela superou cada uma delas e como o cinema mudou sua vida. Tudo isso com uma suavidade ímpar.
Gustavo usa bem a capacidade de atuação de Julia e seus poucos contatos com a atriz (Ouve-se sua voz no filme) são pontuais, mudam o ritmo da história e mantém a atuação de Julia sempre mudando, seja para momentos alegres, tristes ou de pura simpatia.
O filme é simples pelo termo técnico, temos apenas uma câmera focada em Julia durante todo o longa, mas vale a visita ao cinema por justamente pela transições de histórias que o longa possui, algumas com suavidade como a vontade de Julia em trabalhar em comédias românticas pra compensar a falta de amor em sua vida ou situações “soco no estômago” onde ela conta os preconceitos que sofreu na vida adolescente.
Vá ao cinema e se prepare uma história bem contada com diversas nuances.

