Em um filme que soube trabalhar alterações psicológicas e de humor. De uma forma que traz muita empatia ao espectador. ‘Depois a louca sou eu’ estreia nos cinemas com atuação avassaladora de Débora Falabella.
Jovem, intensa e autêntica, Dani (Débora Falabella) só queria levar uma vida normal. Mas, desde criança, vive em descompasso com seu mundo. Enquanto encanta a todos com o talento que a torna uma brilhante escritora, ela tenta de todas as formas controlar seus medos e constantes crises de ansiedade.
Falar de transtornos mentais é um desafio nos cinemas, pois precisa de um cuidado preciso de cada um dos ‘problemas’. O longa dirigido pela Júlia Rezende trouxe muitos detalhes e diversas formas de expressão dos transtornos. Ela inclusive soube movimentar a câmera para aumentar as sensações passadas aos espectadores.
Débora tem aqui um papel difícil, pois transparecer o que sua personagem passa e ao mesmo tempo trazer verdade para a telona é uma linha muito tênue. Além de grandes cenas temos aliado a diálogos fortes e precisos. O roteiro baseado no livro de Tati Bernardi transpôs os percalços de Dani, mesmo mudando a narrativa principal do livro.
O filme faz escolhas técnicas diferentes para dar sentido ao que Dani passa naquele momento, ele acerta na maioria das vezes, e estes acertos foram feitos realizados de uma forma ‘simples’ para as telas, nada de grandes efeitos.
Claro que um filme com essa temática aborda tratamento e recaídas, e aqui temos o principal problema, o peso que isso precisava ter em um longa como esse tinha que mais que uma cena rápida ou pequenos diálogos, o que salva ao menos é que há algumas explicações para a escolha de Dani espalhada pela narrativa.
E foi interessante perceber que as neuras de Dani são genéticas, que muitos dos ‘traumas’ adquiridos foram através da criação, então essas inseguranças tem uma ligação direta com a mãe, além de trazer realidade ao longa, mostra que os transtornos podem vir até das pessoas que nos amam, de uma forma inconsciente.
Claro, que um filme transmite tudo isso de uma forma leve, sem grandes perigos, e com aquela pequena sensação de felicidade, afinal acabamos torcendo para Dani conseguir melhorar de vida. E se encontrar.
E esses encontros ocorrem através de Gilberto (Gustavo Vaz) que também tem suas inseguranças e frustações, e imagina que ao se relacionar com Dani pode ser uma forma de tratamento, afinal o que pode acontecer quando dois que têm seus problemas se tornam mais que amigos.
Essa história crescente que ‘Depois a louca sou eu’ também é um acerto por justamente mostrar Dani nas novas decisões que envolvem carreira e seus medicamentos, perceber evolução na narrativa é interessante com boa exploração.
‘Depois a louca sou eu’ traz um tema difícil para as telonas, e ele os trabalha com segurança e respeito. Aliado a isso temos uma atuação avassaladora de Débora Falabella que trouxe uma Dani reconhecível para quem passa pelos problemas que ela passa. Só não exagerem no Rivotril, nunca é uma boa ideia.
Nota: 4/5
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Quem de nós não tem algo de Dani? Depois a louca sou eu.
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